CARLOS DAFÉ
Nascido no subúrbio de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, Carlos Dafé foi filho de José de Sousa, servidor público e chorinho player, e Conceição Gonçalves, poetisa que incentivava a musicalidade de seus filhos. Vindo de uma família de músicos, aos quatro anos já corrigia notas erradas que, talvez, seu pai ou algum dos amigos chorões tivessem cometido. Aos 11 anos já estudava no Conservatório de Música e, aos 14, tocava acordeão e vibrafone em conjuntos e orquestras.
Em 1970, fez uma turnê com o grupo Fuzi 9 do Corpo de Fuzileiros Navais, passando por Salvador (Bahia), Porto Rico, Martinica e Curaçau. Sua composição "Um menino, uma mulher", em parceria com Toninho Lemos, foi tema do filme "Um menino, uma mulher", estrelado por Jece Valadão.
"Calor nos salões: som negro na Africarioca rolando nas quebradas com Marvin Gaye nas vitrolas, cenário, cidade e selva onde o som de Dafé e outras cobras negras foi criado. Esses malandros espertos, com gargantas ágeis e corações quentes, incendiando os salões, esses neguinhos e negões que se afirmam, com fé em Dafé estão aqui, agora, dançando." (Nelson Motta, 1983).
"... Por isso sou de fé, por isso tenho luz, por isso sou de fé, de fé que me conduz, por isso sou de fé, Dafé e Carlos." (Excerto da música Dafé e Carlos, composta por Jorge Aragão).
"... Dafé é uma grande expressão da juventude negra brasileira. Uma herança de um povo que queria dançar soul e funk e não tinha lugar para isso... Ele é um cara a quem devo muito, é meu parceiro, meu grande educador musical." (SCHOTT, Richard. No cerne da alma). Revista de Domingo, Jornal do Brasil, p.46.
Em 2010, Carlos Dafé recebeu do prefeito de São Paulo, o vereador Antonio Carlos Rodrigues, o "Título de Cidadão Paulistano", no Salão Nobre da Câmara Municipal. No mesmo ano, ele recebeu do grupo cultural AfroReggae, do Rio de Janeiro, o "12º Prêmio Orilaxè" na categoria "Cantor". O evento aconteceu no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro, com a apresentação da atriz Fernanda Lima e do ator Johayne Hidelfonso, com narração em off do ator Wagner Moura.
Seu epíteto "O Príncipe da Soul" foi criado por Nelson Motta, por ser, ao lado de Tim Maia, Wilson Simonal, Hyldon, Cassiano, Don Salvador & Grupo Abolição, Banda Black Rio, Jorge Benjor e Tony Tornado, um dos moldadores e sedimentadores do gênero soul music no Brasil.
Em 2021, estreou no Festival Visões Periféricas o documentário "Trem do Soul", de Clementino Júnior. Com produção de Márcio Januário, produção executiva de Jusele Sá e Julia Pacheco, cinematografia de Robson Maia, roteiro de Milena Manfredini e trilha sonora, composição e arranjos de Jonathan Ferr. Com pesquisa musical e iconográfica de Ana Theresa de Andrade Barbosa, André Diniz, Jorge Luiz Barbosa e Zezzynho Andrade, e cenas adicionais de danças fornecidas pela Coleção CULTNE, no média-metragem foram entrevistados ícones do movimento jovem, negro e periférico do Rio de Janeiro nos anos 1970, como Sandra de Sá, DJ Nenén, Dom Filó, Gérson King Combo, entre outros, além do próprio Carlos Dafé, considerado um dos pilares desse movimento musical no Rio.