JOYCE E TUTTY MORENO
Joyce Moreno é como a Joni Mitchell do Brasil, um exemplo singular e multi-talentoso de energia musical feminina. Inconformada com padrões, Joyce é uma mestre na guitarra, vocalista angelical e compositora inspirada que trilhou seu próprio caminho musical desde o início de sua carreira nos anos 60 como uma cantora e compositora irreverente. Desde sua redescoberta por Gilles Peterson e outros DJs britânicos nos anos 90, sua reputação como intérprete e artista de gravação só cresceu. Apesar de seus talentos únicos, ela sempre se cercou de parceiros musicais talentosos, como Vinicius de Moraes, (ex-marido) Nelson Angelo, Naná Vasconcelos, Claus Ogerman, seu eterno parceiro musical e de vida Tutty Moreno e, claro, João Donato.
Não peça notas de rodapé, mas o Brasil tem mais bateristas fenomenais per capita do que qualquer outro país do mundo, e Tutty Moreno está no topo da lista dos melhores bateristas que esse país tem a oferecer. Ao contrário dos dois cariocas mencionados acima, Tutty Moreno é de Salvador, na Bahia, onde a maioria dos imigrantes involuntários da África desembarcou durante o tráfico de escravizados no Brasil. Exposto desde cedo aos ritmos da mãe África, Tutty absorveu os ritmos fluidos e sagrados e tem traduzido esses ritmos para o idioma moderno da música pop brasileira há mais de cinco décadas, sendo o baterista preferido de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jards Macalé, Maria Bethânia e sua esposa desde os anos 70, Joyce Moreno.